Você sabe reconhecer a felicidade? Dou algumas pistas: ela é recatada, mansa, temperamental e sábia. Quando chega ocupa um espaço danado e nós quase nem reparemos que ela está ali.
Ana Paula Padrão14/8/2011
Você reconhece a felicidade quando ela chega?
Sabe que está sendo feliz naquele momento?
Espere um pouco antes de responder. Pense de novo.
Estamos falando de felicidade!
Não de uma alegria qualquer.
E qual é a diferença?
Bom, descrever a felicidade não é fácil.
Ela é muito recatada.
Não fica ali, posando para a foto, sabe?
Mas um Manual de Reconhecimento da Felicidade diria mais ou menos o seguinte
Ela é mansa.Não faz barulho.
Ao mesmo tempo é farta.
Quando chega, ocupa um espaço danado.Apesar disso, você quase não repara
que ela está ali.
que ela está ali.
Se chamar atenção, não é ela.
É euforia.
Alegria.
Ou um reles frenesi qualquer, disfarçado de felicidade.
A dita cuja é discreta.Discretíssima.E muito tranquila. Ela te faz dormir
melhor.
melhor.
E olha, vou te contar uma coisa:
A felicidade é inimiga da ansiedade.
As duas não podem nem se ver.
Essa é a melhor pista para o seu Manual de Reconhecimento da Felicidade.
Se você se apaixonou e está naquela fase de pura ansiedade, mesmo que esteja
superfeliz, não é felicidade.
superfeliz, não é felicidade.
É excitação.
Paixonite.
Quando a ansiedade for embora, pode ser que a felicidade chegue.
Mas ninguém garante.
É temperamental, a felicidade.
Não vem por qualquer coisa.E para ficar então, xi, não conheço nenhum caso
de alguém que a tenha tido por perto a vida inteira.
de alguém que a tenha tido por perto a vida inteira.
Por isso é tão importante reconhecê-la quando ela chega.
Entendeu agora por que a minha pergunta?
Será que você sabe mesmo quando está feliz?
Ou será que você só consegue saber que foi feliz quando a felicidade já passou?
Eu estudo muito a felicidade.
Mas não consigo reconhecê-la.
Talvez por que eu seja péssima fisionomista.
Ou por que ela seja muito mais esperta do que eu.
Mais sábia.Fato é que eu só sei que fui feliz depois.
No futuro.Olho para o passado e reconheço:
Nossa, como eu fui feliz naquela época!
Mas no presente ela sempre me dá uma rasteira.
Ando por aí, feliz da vida, e nem sei se estou nesse estado.
Por isso aproveito menos do que poderia a graça que é ter assim, tão pertinho, a tal da felicidade.
Nos últimos tempos dei para fazer uma lista de momentos felizes.
E aqui é importante deixar claro que esses momentos devem durar um certo período de tempo.
Um episódio isolado feliz, como uma festa, por exemplo, não significa felicidade.
A felicidade, quando vem, não vem de passagem.
Não dura para sempre, mas dura um tempinho.
Gosta de uma certa estabilidade, a danada!
O problema é saber que ela está ali na hora em que ela está ali.
Mas, voltando à lista, até que ela é longa.
Já fui bastante feliz.Talvez não na maior parte do tempo.
Mas acho que ninguém é.
A lista é um grande exercício.
Sabendo quando você foi feliz é mais fácil descobrir porque você foi feliz.
Para ser ainda mais funcional, é bom que a lista seja cronológica.
Lendo a minha, constato que fico cada vez mais feliz e por mais tempo.
Será que ela está aqui agora?Não sei dizer.Mas continuo meus estudos.
E sei que hoje sou mais amiga da felicidade do que jamais fui em qualquer tempo.